domingo, 17 de abril de 2016

"Enquanto, por efeito de leis e costumes, houver proscrição social, forçando a existência, em plena civilização, de verdadeiros infernos, e desvirtuando, por humana fatalidade, um destino por natureza divino; enquanto os três problemas do século - a degradação do homem pelo proletariado, a prostituição da mulher pela fome, e a atrofia da criança pela ignorância - não forem resolvidos; enquanto houver lugares onde seja possível a asfixia social; em outras palavras, e de um ponto de vista mais amplo ainda, enquanto sobre a terra houver ignorância e miséria, livros como estes não serão inúteis." Victor Hugo - Prefácio de Os Miseráveis - 1862

   Hoje, o Brasil vive um momento histórico em seu cenário político. Será votado na Câmera dos Deputados, a abertura ou não do processo de impeachment da presidente Dilma. Os ânimos estão exaltados, o futuro de nosso país incerto, Victor Hugo nunca foi tão atual, "Os miseráveis" tão útil e necessário.
     A miséria é a ignorância das massas construída e alimentada, na contemporaneidade, pela mídia que fragmenta o conhecimento, descontextualiza os fatos e manipula as opiniões de acordo com os interesses de determinadas classes  sociais.
       Nossa democracia, ainda imatura, está ameaçada. E os políticos continuam defendendo interesses escusos e individuais, esquecendo-se das aspirações e necessidades coletivas.
        Poucos, muito poucos, para não dizer nenhum, são os que ainda buscam defender os objetivos para os quais foram eleitos.
   É muito triste ver uma nação com tantas potencialidades ao sabor de vontades mesquinhas e egoístas.
          A revolução ainda não aconteceu por aqui!
         Depois de "um longo e tenebroso inverno" sem aparecer, retomo meus escritos no blog, ávida para compartilhar leituras, reflexões, alegrias e tristezas do extraordinário universo literário.
     Esse período de hibernação foi muito produtivo, de intensas descobertas e do surgimento de novos questionamentos.
      Estou cada vez mais apaixonada pela vida e pela leitura! Os livros transformam, acalentam, ferem! Através deles é possível sentir todas as intensidades humanas, todos os mistérios do universo, toda a finitude e infinitude da vida.
         Toda essa metamorfose nos impele a registrar o processo, como mais uma forma de reflexão, de dimensão afetiva; uma experiência humana com intensos jogos simbólicos que precisa ser compartilhada, por isso estou de volta!
           Participem comigo dessa insólita viagem!

sábado, 16 de abril de 2016

" O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta daí afrouxa, sossega depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem." (João Guimarães Rosa, Sertões Veredas)

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Boa noite!

Nostalgia...
É noite de poesia.
A escuridão a lua alumia.
Leva a tristeza e traz a discreta alegria!

Gunara

domingo, 20 de setembro de 2015

"Eu não tinha medo de olhar as coisas horríveis, mas ficava apavorado à ideia de nada ver"
E.A. Poe

sábado, 19 de setembro de 2015

A Leitura sempre foi muito significativa na minha vida. Tenho o privilégio de pertencer a uma família que sempre valorizou a leitura como instrumento poderoso de desenvolvimento humano, em todos os seus aspectos.
Tenho na lembrança de minha infância, o prazer, a alegria com que recepcionávamos os novos livros que chegavam até nossa casa através daqueles homens curiosos que batiam em nossa porta. Cidade pequena do interior de São Paulo, uma única livraria em que as novidades demoravam a aparecer. Os vendedores ambulantes apareciam uma vez a cada 2 ou 3 meses, mas sempre com coleções impecáveis e deslumbrantes.
Foi assim que conheci Emília e aquele sítio encantado. Livros de uma coleção de capa verde, sem muitas ilustrações. Confesso que inicialmente uma decepção para mim, mas que logo se transformou em um mecanismo mágico que impulsionava minha imaginação através da voz suave de minha mãe na leitura antes de dormir.
Ah! Quanta expectativa para esse momento. Enquanto isso, no meu quintal, brincava com a Cuca e interrogava o Visconde: esse objeto é mesmo mágico, não é?
Na adolescência, os livros me apresentaram um outro mundo, em que era possível pensar diferente. Novos olhares para velhas questões. Um mundo inteiro dentro do meu quarto. Compunha versos, inspirados nos poemas que lia para compreender um pouco mais sobre mim e o universo a minha volta. Descobri que o ser humano pode ser infinitamente bom quanto mal. 
Já adulta ampliei minhas interações com outras pessoas e pensamentos através dos livros novamente. E percebi logo que a vida profissional também seria alicerçada por leituras e novas aprendizagens. Primeiro emprego: bibliotecária em uma escola pública, trabalharia mais tarde em uma outra biblioteca de uma escola particular. E me tornei educadora e foi então que meu desejo de formar novos leitores se consolidou.
A leitura me salvou quando eu achei que haviam esgotado todas as possibilidades, mostrando-me que é sempre possível  trilhar novos caminhos.
Mostrou-me que sou capaz, basta querer. Que pessoas fantásticas podem me ensinar coisas simples que a miopia do olhar corriqueiro me impediam de ver. E que pessoas simples me mostrariam o quanto é possível ser feliz nessa vida apesar de imensos sofrimentos.
Com a leitura enfrentei momentos muito tristes que me fizeram perceber as várias oportunidades que deixei pelo caminho. Mas sempre me trazendo a grande mensagem: é possível  recomeçar, é possível fazer diferente e que a vida é um complexo milagroso e estupendo que pode ser compartilhado por todos através da leitura.
É por querer compartilhar minha história e a felicidade que a leitura proporciona que montei esse blog




 Gunara

.. estou procurando, estou procurando. Estou tentando entender. Tentando dar a alguém o que vivi e não sei a quem, mas não quero ficar com o que vivi. Não sei o que fazer do que vivi, tenho medo dessa desorganização profunda. Clarice Lispector